Psoríase: uma doença com múltiplas camadas
Psoríase: uma doença com múltiplas camadas
Há, na forma de encarar a psoríase, uma opinião transversal: é preciso olhar para a doença de uma forma mais abrangente, procurar respostas não apenas que tratem, por fora, mas também que minimizem os problemas, por dentro.
Mais do que uma doença de pele, a psoríase é uma doença hereditária, autoimune, não contagiosa e multissistémica.
Existem vários fatores desencadeadores para o aparecimento de psoríase, como as agressões físicas e químicas na pele, as infeções locais ou sistémicas, ou desequilíbrios hormonais. O tabaco, o álcool, os medicamentos e o stress podem potenciar o surgimento da doença.
As principais zonas afetadas são o couro cabeludo, os cotovelos, ou os joelhos. Mas a psoríase tem várias formas de manifestação, e pode também aparecer numa zona muito específica do corpo, como as zonas genitais, as palmas das mãos ou as plantas dos pés, ou ainda disseminada por várias zonas do corpo!
É cada vez mais clara a necessidade de se encarar a psoríase de um ponto de vista holístico: ainda que se apresente primariamente na pele, afeta outros sistemas do corpo humano e é também desencadeada por outros fatores. É essencial que a abordagem inclua o dermatologista. Nesse sentido, é fundamental a referenciação adequada por parte de médicos de outras especialidades, nomeadamente medicina geral e familiar, enfermeiros, terapeutas. E, claro, incluir todas as esferas de relações – familiares, amigos, colegas de trabalho, para ter todo o apoio necessário.
A principal comorbilidade associada à psoríase é a artrite psoriática – uma inflamação de articulações, tendões ou outras estruturas musculoesqueléticas.
Mas há mais! Doenças cardiovasculares e obesidade podem estar associadas à psoríase. Sem esquecer as doenças do sistema nervoso, como a ansiedade e a depressão.
Ainda que seja uma doença crónica e, portanto, sem cura, a psoríase não é uma doença sem tratamento. Pelo contrário. Existem vários tratamentos: tópicos, comprimidos orais, fototerapia ou biológicos injetáveis. Estes tratamentos devem ser sempre prescritos pelo dermatologista, que avalia qual é o mais adequado para cada caso.
O doente psoriático tem, também, um papel essencial no controlo da sua psoríase. Deve certificar-se de que tem o acompanhamento certo, mas deve também cuidar de si de modo a minimizar as lesões. O protetor solar é essencial e, no cuidado da pele, deve utilizar cremes dermocosméticos.
A dieta adaptada, com frutos vermelhos, vegetais e proteínas sem gordura saturada, bem como evitar tabaco e álcool são os principais autocuidados.
A nível mental, e com uma relação direta no agravamento da doença, a ansiedade, a tristeza e a depressão são comummente referidas pelos pacientes com psoríase. Soma-se a isso a perturbação da imagem que têm de si próprios, perturbações de autoestima, e o julgamento de terceiros.
É preciso desconstruir as várias camadas da psoríase e apostar no autoconhecimento, no empoderamento próprio. Uma atitude pedagógica ajudará a disseminar o que é a doença e a eliminar os estigmas na sociedade. Ouvir outros exemplos de outros doentes é também profícuo na forma de lidar com a doença. Ajuda os outros a perceber como é viver na pele de alguém com psoríase, empatia gera empatia!